Equinócio - uma meditação sobre o Equilíbrio



Estamos a aproximar o Equinócio do Setembro, altura em que o Verão se começa a diluir no Outono. Quando o Sol passa a linha imaginária que se estende acima do Equador, caminhando de norte para sul em Setembro (e de sul para norte em Março) a duração do dia e da noite é practimente igual, 12 horas cada. Daí o nome Equinox, do termo em latim que significa "noite igual".

O Equinócio de Setembro marca o inicio do Outono. Tradicionalmente é uma altura de festa, nomeadamente de festas de colheita! Altura de agradecer a Terra pela abundância que ela nos oferece. 
Altura de celebrar a vida, portanto. 

Por outro lado, o início do Outono anuncia também o fim do Verão. A Primavera ofereceu a esperança, o inicio do ciclo, o renascimento. Na Primavera, a vida começa a espiralar para fora, há crescimento, florescer. No Verão: a partilha, o convívio, a aprendizagem. 
Nos três mêses de Outono, o caminho do Ser Humano começa a espiralar para dentro. Começamos a tomar consciência que a nossa natureza inclui também o fim.  O Outono é o caminhar na direcção da noite escura que há de acontecer no Inverno.

Ciclo após ciclo somos assim lembrados e relembrados das leis da natureza. Tudo faz parte: dia e noite, verão e inverno, inicio e fim, plenitude e vazio, nascimento e morte. Podemos ver aqui a perfeição da Vida porque os opostos acabam por se equilibrar. O verão não é mais importante do que o inverno. O fim é preciso para haver início. 

O Equinócio lembra-nos do equilíbrio que a Natureza procura. A partir do momento de Equinócio, as noites começam a ficar mais compridas do que os dias. A chave para a meditação nestes dias de viragem é o equilíbrio. É altura de pensar sobre o que está desequilibrado na nossa vida, ou o que está em vias de se equilibrar. 

Com o Sol entrando no signo de Balança, há um convite cósmico de encontrar equilíbrio, de modo que ambos os lados ganhem com a situação. E se isso não parece possível? Balança vai forçar uma solução, através de ruptura (criando conflitos) ou através de jogos de manipulação, aos quais vamos ver-nos sujeitos. Balança é conhecido por ser criador de paz, bem como criador de guerra! Símbolo da Lei divina, Balança incita a  avaliar motivações e objectivos, e escolher a via do meio, a via justa, juntando opostos.
Altura de fazer um passo atrás e observar onde estás, avaliar qual será a melhor opção para encontrar uma situação estável, qual a escolha a fazer para encontrar equilíbrio entre opostos…

Podemos ter a ilusão que é possível controlar o nosso destino, controlar a vida. Podemos acreditar que é possível desenhar, inventar e construir uma vida perfeita. Mas nesta ilusão esquecemos que também nós somos a Natureza, também nós estamos sujeitos às mesmas leis.

Estamos num momento em que somos testados na nossa crença que é possível controlar a natureza. Vemos como a procura de mais conforto, de uma vida mais fácil e mais centrada nas necessidades do ser humano, levou a uma destruição maciça dos recursos naturais. Ainda não sabemos quais serão as consequências das alterações climáticas a que estamos a assistir. 

Agora, mais do que nunca, a celebração do Equinócio será um momento de criar equilíbrio, naquilo que está ao nosso alcance: a nossa própria vida, o nosso corpo, a nossa mente, as nossas emoções. 

Precisamos de aceitar quem somos, aceitar tudo de que somos capazes, para poder estar verdadeiramente no nosso centro e criar equilibro. A energia do Equinócio vai nos permitir harmonizar e equilibrar os opostos - ou seja, é um dia de abraçar os medos, perdoar os apegos, ter compaixão com as nossas mágoas e falhas. 
Será um dia para ancorar na Terra uma energia diferente, uma energia de respeito para a Natureza e tudo que ela é - começando com a natureza de cada um de nós.




Saudação ao Sol Nascente do Equinócio do Outono.
22 de Setembro, 07.00h de manhã.
Local: Cromeleque dos Almendres, Guadalupe, Évora.

Para a cerimónia no Cromeleque, é costume trazer uma oferenda em agradecimento ao sítio: um pau de incenso, um pouco de água, uma pedrinha, uma flor, ou o que achar adequada para exprimir a gratidão.
A participação na cerimónia é por donativo.
Estão todos bem-vindos! 




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