Cultivar a Liberdade Interior

“Para mim, não existe felicidade sem liberdade, e liberdade não nos é dado por ninguém; tem que ser cultivada por nós.” Não tenho dúvida que é fácil reconhecer verdade nestas palavras de Thich Nhat Hanh.

Para sentirmos felicidade, é essencial que sentimos que somos livres. Livres de condicionamentos, livres de manipulação, dependencias e controlo. Livres para seguir o desejo do coração. Livres das causas do nosso sofrimento. Livre para sermos quem somos, sem medo de manifestar o que nos vai na alma!

Sentir que somos livres não só depende das circunstâncias em que vivemos, por muito que nos possam pesar as obrigações e condicionamentos da vida. Facilmente temos a sensação que não podemos ser livres porque somos vitimas de algo que outros nos fazem ou fizeram. Podemos sentir que somos obrigados a certos comportamentos ou manipulados emocionalmente.

Contudo, existe uma outra liberdade, uma que ninguém nos consegue tirar: a nossa liberdade interior. A única pessoa que pode limitar a liberdade interior, somos nós próprios.

É claro que ninguém se aprisiona por vontade consciente. Será um mecanismo inconsciente que faz com que é tão difícil libertar-nos do nosso sofrimento.

Encontramos neste mecanismo uma situação paradoxal. Dizemos que queremos viver o Aqui e Agora, mas ao mesmo tempo procuramos conhecer o futuro. Estabelecemos metas e idealizamos um estado da alma que um dia desejamos atingir.

Desejamos ser livres de controlo, mas permitimos que a nossa mente, com os seus padrões de reactividade, nos controla. Desejamos ser donos do nosso próprio destino, mas deixamos que vivemos como escravos das nossas emoções: medo, aflição, desespero, aversões e paixões conseguem submergir o coração em sofrimento.

Por outro lado, sendo seres humanos temos uma força única e libertador. Temos livre vontade, livre arbítrio – podemos escolher os pensamentos, os padrões, e mesmo as emoções que vivemos.

Freedom - Esculptura de Zenos Frudakis

A liberdade é possível – se estamos dispostos a conhecer a prisão que construímos à volta do coração. Se estivermos dispostos a libertar limitações, hábitos e padrões. Conquistamos liberdade ao questionar os valores que regem a nossa vida, ao interrogar quais as crenças e dogmas que orientam o nosso pensamento e a nossa mentalidade.

Não é necessário deixar cortar laços com o mundo para sermos livres; basta não seguir automaticamente o caminho traçado por hábitos de muitos anos. A consciência necessária para fazer essa escolha, podemos conquistar na introspecção, na meditação – no fundo, através do auto-conhecimento.

Liberdade através da Meditação

O auto-conhecimento é necessário para entender que podemos nutrir motivações escondidas que nos levaram a seguir os caminhos traçados, em vez de seguir o caminho do nosso próprio coração. 

É importante lembrar que nem sempre desejamos ser livres. Que há alturas em que parece mais fácil, mais favorável, mais confortável até, de não ser livre. Há momentos em que podemos interrogar nos, se desejamos mesmo ser livres ou se nos dá mais proveito e segurança viver em piloto automático. 

Para sermos livres é preciso atenção e presença de espírito para fazer escolhas conscientes. Para sermos livres, precisamos de cultivar em nós uma atitude livre, cientes que é com os pensamentos, as crenças, os gestos e as acções de cada momento que podemos conquistar a liberdade interior.

"Podes practicar a liberdade em cada momento da tua vida. Cada passo que fazes pode ajudar te em reclamar a tua liberdade. Cada respiração pode ajudar te a desenvolver e cultivar a tua liberdade. Quando comeres, come como uma pessoa livre. Quando caminhas, caminhe como uma pessoa livre. Quando respiras, respire como uma pessoa livre. Isso é possível em qualquer lugar." ~Thich Nhat Hanh

Retiro de Meditação "Liberdade Interior" . 13 - 15 Maio e 4 - 5 de Junho. Informa-se aqui