As curvas, os altos e os baixos: aceitar e viver o momento

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Que a vida se desenvolve em ciclos, que haverá sempre altos e baixos, isso sabemos. Que o nosso desenvolvimento não é uma linha recta, sabemos também. Mas aceitamos esta verdade?

Parece que acontece a todos, nalgum momento: 
Estamos muito empenhados na nossa aprendizagem e prática, mas de repente parece existir uma barreira invisível, algo que faz com que não notamos qualquer progresso.
Parece mesmo que o que está acontecer é o contrário: há os momentos em que parece que regressamos.
E questionamos: O que se passa comigo? Porque não estou a ver para onde ir? Foi tudo uma ilusão, o trabalho que tive e o progresso que pensava ter conseguido?

Os mestres dizem-nos que é fundamental aceitar quem somos, tal e qual como estamos neste mesmo momento.

Querer mudar não é o problema. 
Ansiar por uma mudança, por seu lado, pode ser efectivamente uma barreira para o crescimento.

Um aspecto importante quando desenvolvemos a aceitação, é quando aprendemos como evitar a ânsia. A ânsia acontece quando estamos a desejar algo intensamente, o que pode trazer muita infelicidade.
Uma forma habitual da ânsia acontece quando desejamos ter uma experiência diferente do que aquela que temos no momento. 
Ao desejar, cria-se um descontentamento com o que estamos a experimentar actualmente. O descontentamento é destrutivo - e isso tem a ver com a circunstância que o reverso de desejo é a aversão. 
Desejo e aversão formam um par de gémeos opostos. Quando ansiamos a experiência de algo diferente, rejeitamos a nossa experiência actual. Aceitar, por sua vez, significa ter a capacidade de estar consciente da nossa experiência sem apego, nem rejeição. Em vez disso, aceitamos a nossa experiência com equanimidade. Aceitar quem somos acontece quando abdicamos de qualquer julgamento sobre o estado em que nos encontramos!

Mas demasiadas vezes, temos dificuldade em aceitar o que estamos a sentir. Comparamos a experiência com o que ouvimos que outros tiverem, ou com o que vimos nos livros, ou com a nossa expectativa! Ou seja, comparamos a experiência no presente com uma construção mental. Assim, acabamos por dar primazia a uma ilusão, sobre o que se apresenta como realidade no presente.


Mas porquê deitar fora uma experiência real que pode ser gratificante e plena, para algo exterior, não presente, e em última instância, ilusório?

Talvez porque o sentir mal sobre o momento, pode levar facilmente a um ciclo vicioso. Quando tivemos dificuldades em aceitar o que sentimos,  pode acontecer (e acontece muitas vezes) que nos censuramos por ter dificuldades em aceitar. Não aceitar que não conseguimos aceitar, por assim dizer. 
Acabamos por julgar-nos porque sentimos mal que temos dificuldades em aceitar. Os sentimentos estão a ser gerados pelos pensamentos que não ajudam a resolver a situação, e que em vez de quebrar o ciclo, confirmam e reforçam o espiral para fora do momento.

Se em vez de gerar pensamentos, geramos aceitação, podemos saír da situação e voltar a ser igual a nos próprios. Aceitando o que sentimos é muito mais do que uma ferramenta, é um modo de estar na vida.
Aceitação significa reconhecer que estamos a sentir algo. Aceitação é como fazer um passo para trás, recuar, para poder observar a sensação da emoção desconfortável. Se recuamos e observamos, podemos deixar de nos identificar com ela. Assim podemos observar o desconforto, o mal estar ou a ânsia, sem ser apanhados e encurralados. O resultado? Quando deixamos de nos identificar com as emoções destrutivas, podemos libertar-nos e voltar à nossa verdadeira natureza, a quem somos realmente.

A meditação é um bom momento para aprender como funciona a aceitação. Uma aproximação que pode dar frutos, é localizar o sentimento no corpo.
O que sinto?
Onde é que o meu corpo identifica o sentimento?
Qual é a sua forma, o seu tamanho?
Qual é a cor, se tiver uma?
Qual é a sua textura?
Com o decorrer do tempo, posso observar mudança?

Com esta táctica, criamos distancia entre o "eu" e a emoção. Tomamos consciência que a emoção é mais pequena do que nós. O que significa que não somos a emoção que sentimos. Significa que há muito "eu" que está fora do alcance da emoção!
Distanciando o nosso ser das emoções que sentimos, podemos aceitá-las como parte, sem serem parte determinante. Aquele "eu" que observe, existe para além das emoções.

É aquele "eu" que precisa da tua aceitação e atenção plena. Libertado das amarras emocionais e das armadilhas da mente, podes atingir uma plenitude além do que possas imaginar, além de todas as tuas expectativas. Descobra a tua Budeidade... sendo! 

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